sexta-feira, 8 de julho de 2011

Análises da meia-noite


Me deu vontade de digitar agora. Aliás, viver.
Digitar.
Ou viver.
Eu sei digitar, mas sempre erro nas palavras.
Eu sei viver, mas sempre tropeço.
Eu sei, mas sempre erro.
Eu sei o erro.
Erro.
Digitar o erro.
Apagando o erro.
Eu sei.


Érika.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem gelo, por favor.





Pra mim, a vida às vezes parece um copo de vodca seco, sem acompanhantes. Desce rasgando. E o engraçado disso, é como gosto de beber essa vida tão precocemente rápido. As sensações, os delírios e todo o frenesi que corroi o corpo, logo vem depois pra me fazerem esquecer a maldita queimação do gargalo. A vontade única e gritante de beber a vida num só gole me enlouquece por algumas vezes, mas sei que preciso das preliminares, das primeiras doses doces que me fazem sentir mais segura frente a mundo tão frustrante. Amadurecer de forma gradual dá uma certa segurança, o chato é esperar. Deve ser pedir demais, se embebedar com a vida e gozar de seus prazeres sem paranóias atormentando seu espírito. Sabe, não faço voto de inconseqüência, insanidade ou de algo totalmente desregrado e sem rumo, mas também não tenho nenhuma objeção daquela ‘sede’ de engolir o mundo ferozmente, pelo contrário, até aprecio. Minhas expectativas pelo belo acontecer, se reduzem ao nada quando vejo tudo tão intacto, monótono e cinza. Acho que viver além do esperado, a frente do seu tempo com brilho, é a chave para entrar nesse mundo tão criterioso que exige esse amadurecimento instantâneo mais cedo ou mais tarde. Além do que, vive-se mais cedo os amores, as alegrias, e as conquistas. Claro que também as decepções e dúvidas cruéis também vêem mais cedo, mas faz parte do roteiro, ta tudo no script!
Um dia, sem ninguém me pedir, ponho ordem a “casa”. Mas enquanto isso não acontece, vou alimentando esse pensamento meio ‘genioso’ e vejo depois onde vou parar. E tudo isso sem neuras!


Érika Cruz

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Parabéns!

Meu, seu, nosso blog. A um ano atrás, eu e um grande amigo tivemos a idéia de ter um blog, para a fim de sair da rotina, escrever coisas legais, postar desenhos incríveis, enfim, compartilhar nossa cabeça com todos. Conseguimos, com certo atrasos, falta de tempo, mas nunca abandonamos por completo. Vire e mexe fico louca, cheia de neuroses por não escrever nem uma linha sequer pra poder alimentá-lo com textos e dizeres. Já se faz um ano, e quero que faça mais, pois já me sinto meio 'mãe' desse 'filho' que me escuta muito bem...
...E quando menos se espera a criança já cresceu, tem a personalidade forte da mãe de se impor e estar sempre presente, e às vezes se mostra meio quieto, observando aqueles que o observam seguindo a tendência do Pai, não escolhe as pessoas com quem quer andar, de fato é escolhido por aqueles que gostam de se aprofundar nas idéias mais sinceras e abstratas de uma criança que completou seu primeiro ano de vida.


Por: Érika Cruz e Gustavo Penna, pais e criadores.

Insônia



Hoje estou até acostumada com a idéia. Enquanto todos dormem, tranqüilos em seus sonhos, ‘os fantasmas do passado’ vêem me visitar. Nessa brincadeira de repassar lembranças, fico devendo muito a mim mesma. Podia ter feito mais, um pouco diferente, talvez até menos. A madrugada é bem silenciosa, mas não na minha cabeça. Os pensamentos, as idéias, as dúvidas vem e vão de maneira incontrolável. As vezes, minha resistência em tê-los, soa como um apelo – o que realmente é – pois eu os culpo de arrancarem o sono de mim. Em noites como essa, me sinto sozinha, vulnerável a essa tormenta, e durante horas, vejo flashbacks da minha vida que varia desde um momento não importante, até a uma catástrofe ou uma ‘grande’ conquista. Por vezes desejei voltar atrás, rodar partes da “fita” de modo diferente, ou para simplesmente acrescentar mais “filme” a vida. Esse meu desejo é esquisito, até idiota, mas não nego que o tive.
Mas não só o passado “enche o meu saco” com esses curtas-metragens de erros e acertos da vida. Cenas e situações irreais que podem vir acontecer (uma prévia do futuro incerto) sussurram no meu ouvido até perfurarem o cérebro e desencadear uma série pirações. O perigo mora em mim, e vem à tona nessas noites inquietas, nas noites de insônia. Minha imaginação começa a colorir possibilidades futuras, idéias fabulosas, que ultimamente ando levando a diante só pra me arriscar. Pra mim, pensar tanto no futuro, ou pensar no passado, está sendo uma ‘oficina do diabo’. Acho que preciso dormi, talvez me enterrar no quintal de casa, e mergulhar profundamente no submundo quieto do sono. Talvez assim, eu possa dormir durante alguns anos... anos... sem pertubações.



Por: Érika Cruz

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

_sem



Não era decidida, não era resolvida. Acreditava que havia perdido aquele "fio da meada" da própria vida, e resgatá-lo talvez seria uma tarefa difícil e duradoura.
Poderia levar anos para ficar bem, ou poderia morrer sem saber. Aquela agonia da dúvida de ter ou não uma própria essência, ou de qualquer outra coisa
que lhe caracterizasse, ou se um dia se realizaria como pessoa, começava aterrorizar sua vida mundana e até mesmo seu espaço particular de sonhos.
Certa vez, sonhou com algo que a fez pensar desesperadamente sobre o que estava havendo. Estava nua, completamente nua, em meio a uma multidão que parecia não
notar sua presença, mesmo estando no estado que se encontrava. No começo estava aos prantos, se entregando ao delírio e se sentindo a vulnerabilidade
encarnada. Mas depois, percebendo a indiferença das pessoas, o desdém dos olhares que não se direcionavam pros seios à mostra, começou a gritar loucamente,
mas sem ser ouvida, chamando a atenção mas sem ser percebida. Definitivamente, não estava lá.
Nada que fizesse iria adiantar, e talvez por isso, num súbito instante, seu sonho mudou de rumo, de cenário e de vestes. Agora, estava sozinha em sua casa,
e vestida adequadamente, porém, agora com um detalhe intrigante que chama a atenção. Não enxergava através dos olhos convencionais, aqueles pregados no rosto, enxergava fora do seu corpo,
através de um outro globo ocular, mais distante e onisciente, pois podia-se vê por completo de carne e osso, e por incompleto vendo dentro de si um buraco, um vazio imenso. E aí então acabou.
Quando acordou, não estava se sentindo triste, ou preocupada com o que havia sonhado, mas se sentia em estado de alerta, como se tivesse sacado alguma coisa importante.
Pensou, pensou e concluiu ali na mesma hora, que até nos sonhos, o único lugar que poderia ser quem quizer, estava sendo reflexo da meia vida que levava. E isso era inadmissível.
Já estava na hora de virar gente, fazer valer a sua existencia. Estava dormindo para o mundo, e precisava acordar rápido, antes que morresse dormindo sem ter visto nada.
Ao acordar de verdade - nos dois sentidos-, caminhou até o banheiro e se observou durante algum tempo. Viu o quanto poderia ser charmosa, mas viu o quanto estava desperdiçando esse charme. Não era linda, mas era charmosa.
Pegou no cabelo, tocou o rosto e tocou os lábios. Era real, e não um sonho.
Saiu de casa diposta a mudar seu jeito taciturno e infeliz de ser, disposta a se arriscar. Deu-se até a liberdade de sair cantarolando alguma nota dos anos 70 de Pink Floyd que adorava escutar, demonstrando assim os primeiros sinais
de uma vida que começava a se descobrir, que começava a se aflorar.

Por: Érika Cruz

domingo, 1 de agosto de 2010

Sem espírito de decência


Uma noite, com nada pra fazer, eu dei uma surtada. Comecei a observar beeem de perto, bem mesmo, quase virando os olhos, o pano da minha coberta velha. Vi que ali tinha vários buraquinhos pequenos entremeados e separados por linhas finas. Quando dei por mim eu tinha pegado algum objeto que não me lembro qual, e arrebentei uma paredinha de linha, transformando dois buracos em um maiorzinho. Daí pra frente, a surtada foi pior.
 Cheguei a conclusão de que cada buraquinho ridiculamente pequeno representava uma vida, e que eu tinha destruído duas vidas que se concentrava no seu quadrado, rompendo uma de suas paredes. Eu sou um monstro, porque as vidas que destruir, uma era minha e a outra não sei de quem (torço pra que não conheça, pois aí o remorso será menor) e tudo isso só por ter feito uma má escolha, ou só por capricho. Mas meu sentimento egoísta veio a falar mais alto, fazendo com que eu pensasse apenas na minha vida que havia destruído. Me odiei pelo resto da noite. Me chamei de idiota e fraca por ter feito isso comigo mesmo.Mas o que me restava a fazer? Dormir e esquecer toda essa bobagem? Sim, era exatamente isso que eu tinha que fazer. Se eu fiz? Sim, eu fiz. Mas com toda certeza eu vos digo que dia após dia eu penso em uma maneira de costurar a linha perdida, a linha rasgada com imprudência. Ainda não descobri como, pois se tratando de vida, é complicado dizer e fazer certas coisas, e se tratando de mim, é pior ainda, porém aceito sugestões de “alta costura” de alguém que também já foi corrompido por si próprio, ou por algum outro idiota. Obrigada.

Érika Cruz

quinta-feira, 29 de julho de 2010

' Receita de Desespero


Decepção, ilusão, amor e um grande saco. Esses são os ingredientes de que precisamos.
Com um grande, grande saco e com doses de um amor infeliz vai ser o nosso começo. Depois, jogue um pedaço de decepção, ilusão ou outra coisa que combine, sendo em partes inteira, que é pra ficar mais bonito aos olhos de quem assiste e se regozija com isso.
E para finalizar, uma pontinha de raiva, uma gota de lágrima salgada e uma chacoalhada legal para poder misturar tudo, e assim virar uma vida.
É frio e meio amargo.
Rende uma porção satisfatória para quem deseja comer e sacanear.
Bom appétit!

PS: esse banquete pode trazer náusea e enjôos pra quem tem um bom coração.

 Érika Cruz.