terça-feira, 17 de novembro de 2009

' O Movimento Rápido dos Olhos.


'O fato é que eles não me ocorrem duas ou três vezes

no mesmo dia a tempos, mas a cada hora que se passa
tornam-se mais freqüentes, antes eram apenas a noite,
a maioria não lembrava no dia seguinte, até então não ligava,
achava fútil, muitos não tinham sentido algum,
meros flashes de algo que nunca presenciei...ainda.
Quando percebemos que o tempo está prestes ao fim e
olhamos pra trás vendo que não houveram mudanças significativas,
eles parecem ser mais constantes... não, talvez esteja apenas cansado e
isso seja o reflexo de criar tantas expectativas...inalcançáveis.
Suor, medo, agonia e calor, as coisas mudaram, são quase dez horas
a forte dor de cabeça parece estar ligada com a pancada que havia tomado,
impossível... aquilo não foi real, nem tão pouco uma pancada, e sim
palavras, palavras ditas por pessoas que pareciam estar tão perto,
não precisavam gritar, eu sei que não podia ouvi-las, ou apenas não queria,
mas a expressão facial sugerida quando se está gritando
me incomoda ao ponto de repugnar e como foi ao caso,
me dar fortes dores de cabeça. Não havia percebido, foi tudo
muito rápido, ao primeiro passo já estava lá, me
perdendo em sensações herméticas

que me faziam tão mal quanto o cheiro envelhecido da noite... era noite,
pude perceber pelas sombras dos
morcegos que dançavam no clarão da lua,
mas algo estava errado, parecia estar só, onde estão os outros?
Falo baixo, pergunto a mim mesmo se eles se perderam,
ou se estive sozinho o tempo todo,
agora  já não importa mais, preciso correr,

eles se aproximam, não correm, mas são muitos, querem minha cabeça,
querem meus pensamentos, não consigo lutar, suas asas expelem fumaça,
estão me cercando, esconder...preciso esconder,
uma mão me toca, me empurra,

abro os olhos já fechados pelo medo de ser apanhado.
Suor, medo, agonia e calor... é quase meio dia, preciso me levantar.’


Por: Gustavo Penna