Hoje estou até acostumada com a idéia. Enquanto todos dormem, tranqüilos em seus sonhos, ‘os fantasmas do passado’ vêem me visitar. Nessa brincadeira de repassar lembranças, fico devendo muito a mim mesma. Podia ter feito mais, um pouco diferente, talvez até menos. A madrugada é bem silenciosa, mas não na minha cabeça. Os pensamentos, as idéias, as dúvidas vem e vão de maneira incontrolável. As vezes, minha resistência em tê-los, soa como um apelo – o que realmente é – pois eu os culpo de arrancarem o sono de mim. Em noites como essa, me sinto sozinha, vulnerável a essa tormenta, e durante horas, vejo flashbacks da minha vida que varia desde um momento não importante, até a uma catástrofe ou uma ‘grande’ conquista. Por vezes desejei voltar atrás, rodar partes da “fita” de modo diferente, ou para simplesmente acrescentar mais “filme” a vida. Esse meu desejo é esquisito, até idiota, mas não nego que o tive. Mas não só o passado “enche o meu saco” com esses curtas-metragens de erros e acertos da vida. Cenas e situações irreais que podem vir acontecer (uma prévia do futuro incerto) sussurram no meu ouvido até perfurarem o cérebro e desencadear uma série pirações. O perigo mora em mim, e vem à tona nessas noites inquietas, nas noites de insônia. Minha imaginação começa a colorir possibilidades futuras, idéias fabulosas, que ultimamente ando levando a diante só pra me arriscar. Pra mim, pensar tanto no futuro, ou pensar no passado, está sendo uma ‘oficina do diabo’. Acho que preciso dormi, talvez me enterrar no quintal de casa, e mergulhar profundamente no submundo quieto do sono. Talvez assim, eu possa dormir durante alguns anos... anos... sem pertubações.
Por: Érika Cruz